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Ciência

Missão da Nasa enviada para ‘tocar’ Sol encontra poeira fina

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Missão foi enviada para ‘tocar’ a estrela mais importante do nosso sistema em agosto de 2018. Primeiras descobertas foram publicadas em quatro artigos na revista ‘Nature’.

Ilustração mostra uma representação da Parker Solar Probe se aproximando do Sol — Foto: Nasa/Johns Hopkins APL/Steve Gribben

A agência espacial americana (Nasa) divulgou nesta quarta-feira (4) as primeiras descobertas de sua missão inédita enviada para “tocar” o Sol. A sonda Parker Solar Probe (PSP) encontrou uma poeira fina ao redor da estrela. Os cientistas acreditam estar mais perto de uma zona livre desses detritos, devido às altas temperaturas e radiação.

As novidades descobertas pela Nasa foram publicadas na revista científica “Nature”:

  • Uma poeira fina foi encontrada ao redor do Sol. Os pesquisadores dizem que são restos de asteroides ou cometas. A presença de partículas ocorre em todo o nosso sistema, mas os cientistas acreditam que há menos poeira ao chegar mais perto do Sol, até existir uma zona livre dessas partículas. A missão conseguiu chegar na parte em que os restos de cometas e asteroides ficam mais finos, comprovação e esperança de um dia chegar ao “espaço limpo” próximo ao Sol.

“A zona livre de poeira foi prevista há décadas mas nunca foi vista”, disse Russ Howard, pesquisador do instrumento WISPR, que captou as imagens. “Conseguimos ver o que está acontecendo com a poeira perto do Sol”.

Parker Solar Probe detecta poeira fina e busca confirmar área livre ao redor do Sol — Foto: Nasa

Parker Solar Probe detecta poeira fina e busca confirmar área livre ao redor do Sol — Foto: Nasa

  • Os cientistas encontraram oscilações nos ventos solares (entenda o que são eles abaixo). O fluxo liberado pelo Sol é contínuo, mas distúrbios na viagem feita pelos ventos solares fazem que o campo magnético “se dobre”. O fenômeno ainda é inexplicável pelos cientistas.

Parker Solar Probe observou distúrbios durante a viagem dos ventos solares — Foto: Adriana Manrique Gutierrez/Centro de Voos Espaciais Goddard/Nasa

A missão

A Parker Solar Probe foi lançada em agosto de 2018 em uma primeira viagem da Nasa para “tocar o Sol”. A missão enfrenta milhares de graus Celsius para chegar até a estrela mais importante do nosso sistema e, até então, cumpriu três das 24 etapas planejadas para pesquisas na atmosfera do Sol.

A nave da missão foi projetada para suportar condições brutais de calor e radiação, com uma blindagem que é resultado de anos de pesquisas.

  • A PSP chegou sete vezes mais perto do Sol do que qualquer outra espaçonave;
  • Para suportar as altas temperaturas, ela tem um escudo especial com 11,43 centímetros de espessura;
  • O material suporta temperaturas que passam de 1,3 mil ºC – a superfície do Sol pode chegar a 5,5 mil ºC. A coroa, atmosfera externa, pode ter milhares de graus Celsius. Por isso, a missão irá chegar até um certo limite;

Parker Solar Probe, missão da Nasa para o Sol — Foto: Claudia Ferreira/G1

Parker Solar Probe, missão da Nasa para o Sol — Foto: Claudia Ferreira/G1

O nome da missão – Parker Solar Probe – é uma homenagem a Eugene Newman Parker, astrofísco de Michigan. Foi ele quem descobriu uma solução matemática para comprovar os ventos solares. Parker recebeu a honra de ter uma missão com seu nome ainda vivo, uma raridade na história da Nasa.

Os primeiros dados sobre o Sol foram enviados há pouco mais de 1 ano. Entre 31 de outubro e 11 de novembro de 2018, a sonda completou a primeira fase de aproximação do Sol pela atmosfera externa (coroa). Em uma das imagens enviadas, é possível ver o brilho de Júpiter em meio aos ventos solares (veja imagem abaixo).

A Parker Solar Probe estava a cerca de 16,9 milhões de quilômetros da superfície do Sol quando esta imagem foi tirada, em 8 de novembro. O objeto brilhante perto do centro da imagem é Júpiter, e as manchas escuras são resultado da correção de fundo. — Foto: NAsa/NRL/Parker Solar Probe

A Parker Solar Probe estava a cerca de 16,9 milhões de quilômetros da superfície do Sol quando esta imagem foi tirada, em 8 de novembro. O objeto brilhante perto do centro da imagem é Júpiter, e as manchas escuras são resultado da correção de fundo. — Foto: NAsa/NRL/Parker Solar Probe

Ventos solares

Mas o que são os ventos solares e por que é importante entender mais sobre eles?

Os ventos solares são um fluxo de partículas que sai constantemente do Sol. Essas partículas, basicamente prótons e elétrons, têm uma energia cinética (velocidade) muito grande, como diz a astrofísica Adriana Valio.

Animação da Nasa mostra ventos solares do nosso Sistema — Foto: Nasa

Ela explica que essa energia supera a energia gravitacional do Sol. Ou seja: a atração gravitacional, da massa do Sol, é menor na parte da coroa solar – topo da atmosfera da estrela – local de onde saem as partículas.

É a mesma lei que nos segura no chão da Terra e não nos deixa sair flutuando pelo espaço: nosso planeta também tem sua força gravitacional, e é ela que nos prende aqui. No Sol, na parte da coroa, as partículas têm tanta energia que conseguem “escapar” dessa força em um fluxo que é eterno. Isso cria o que chamamos de ventos solares, que são constantes e banham todo o Sistema.

“As partículas acabam então sendo perdidas para o meio interplanetário. E isso é o vento solar. Isso é constante.”, disse Adriana.

A Terra, com suas particularidades e seu campo magnético, é em maior parte protegida pelos ventos solares. Mas as auroras boreais, por exemplo, são as partículas cheias de energia dos ventos solares que conseguem escapar e entrar pelos polos do nosso planeta.

Aurora Boreal ilumina o céu da região da Lapônia, em Inari, na Finlândia — Foto: Lehtikuva/Irene Stachon/Reuters

Aurora Boreal ilumina o céu da região da Lapônia, em Inari, na Finlândia — Foto: Lehtikuva/Irene Stachon/Reuters

Fonte: G1


DRT: 1908 /RO

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