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Religião

Projetos sociais resgatam crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade

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Ações buscam mudar a perspectiva de vida principalmente após pandemia

A pandemia de Covid-19 deixará marcas profundas na saúde mental das crianças e adolescentes em todo o mundo. Esse é o alerta do relatório sobre saúde mental divulgado na segunda-feira (4) pela UNICEF.

O estudo foi realizado em 21 países e calculou que em todo o mundo, cerca de uma a cada sete crianças ou adolescentes entre 10 e 19 anos vive com algum transtorno mental já diagnosticado. Isolamento social, restrições de mobilidade, quebra de rotina e escolas fechadas por um longo período ajudaram a alimentar as angústias que já existiam, mas que antes podiam ser percebidas no convívio social. No Brasil, país que também participou do estudo, foi revelado que 22% dos adolescentes e jovens de 15 a 24 anos manifestam sentir-se deprimidos e sem interesse em praticar alguma atividade.

O estudo sugere que é possível trabalhar com o objetivo de minimizar os fatores de risco e maximizar os de proteção da saúde mental em âmbitos essenciais para a vida de crianças e adolescentes. O estudo mostra também que é necessário trabalhar com as famílias, especialmente progenitores e cuidadores, para que ofereçam uma educação equilibrada aos menores que estão sob sua tutela. As escolas devem traçar estratégias para reforçar a saúde mental dos alunos. Como conclusão, a pesquisa aponta que as autoridades devem se unir para investir na melhoria das pesquisas realizadas neste campo.

Parcerias

A fim de contribuir para a redução desses índices, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) firma parcerias com prefeituras, estados, entidades e outros, para a realização de projetos em todo o Brasil. O objetivo é único: ajudar a melhorar a condição de vida de pessoas vulneráveis.

A psicóloga Nayla Jeske, pós-graduanda em neuropsicologia, salienta que o desenvolvimento de programas como os idealizados pela ADRA promove a saúde mental de crianças e adolescentes. “Esses programas visam a transposição de experiências adversas, desenvolvendo a habilidade para lidar com os problemas (traumas, perdas, frustrações etc.), transformando-as em pessoas capazes de enfrentar crises e seguir em frente”, pontua Nayla.

Garotas Brilhantes

Em Gravataí, no Rio Grande do Sul, a ADRA mantém o projeto Garotas Brilhantes. A ação é voltada para adolescentes de 11 a 17 anos que vivem em situação de vulnerabilidade por diversos fatores. São realizadas palestras educativas para as jovens que iniciam a vida sexual na adolescência e não possuem informações necessárias para cuidar da própria saúde.

O projeto é aplicado na Escola Estadual Carlos Bina, uma região com alto índice de criminalidade, gravidez na adolescência e suicídios. A iniciativa conta com oficinas aplicadas, por meio de dinâmicas e rodas de conversa, sob os temas: autoestima; autocuidado; autodesenvolvimento pessoal e autovalorização; suicídio; automutilação; gravidez na adolescência; sexualidade; relacionamentos abusivos; alcoolismo; drogas; abusos sexuais e psicológicos; e violência.

Além disso, são trabalhados valores que englobam um projeto de vida e empreendedorismo. As atividades são realizadas por psicólogos, psicopedagogos, assistentes e educadores sociais.

Flavia Cardoso é assistente social e coordena o projeto. Ela conta que apresentar a possibilidade de mudança é algo transformador. “Saber que garotas mudarão a trajetória da sua história com mais consciência nas escolhas, com propósitos e autonomia, é o que nos move. Entendo que uma garota melhor preparada pode mudar sua vida, família e comunidade, e isso nos enche de esperança”, declara a assistente social.

Iniciativas na comunidade escolar

As atividades iniciadas em julho deste ano já fazem a diferença na comunidade escolar. A diretora da escola, Márcia Soares, garante que a iniciativa chegou para enriquecer as ações pedagógicas da instituição. “Nossas meninas necessitam de orientação, direção e motivação, e o projeto proporciona tudo isso. Ver os olhos dessas meninas cheios de sonhos e possibilidades é maravilhoso”, acrescenta.

A adolescente Kalline Lamarque, de 15 anos, estava passando por momentos difíceis. Apoiada pelos pais, começou a frequentar o “Garotas Brilhante” e tem despertado novas realidades para sua vida. “Estou amando! Cada quinta-feira consegue superar a outra e ser melhor ainda. Estou aprendendo a me olhar de outra forma e a correr atrás dos meus sonhos”, revela a adolescente.

Por todo o Brasil

Além do Rio Grande do Sul, nos estados do Espírito Santo, Amazonas, Rio de Janeiro, Rondônia, Bahia, São Paulo, Santa Catarina e no Distrito Federal, a ADRA opera nesta área de prevenção e auxílio direto a crianças e adolescentes em situação vulnerável.

Em Salvador na Bahia, o Centro de Incentivo ao Desenvolvimento Infantil (Projeto Cidinho), tem acompanhado crianças em situação de vulnerabilidade que encontraram através da educação, uma nova alternativa para vida. As ações acontecem no contraturno, com aulas de reforço, inclusão digital, introdução à música e contam com uma biblioteca.

No Espírito Santo, a ADRA atua em parceria com os municípios de Cariacica, Viana, Vila Velha e Vitória, na coordenação de Casas de Acolhimento Infantil. São crianças e adolescentes de 0 a 18 anos, vítimas de abandono, violência e maus tratos, encaminhadas pelo Poder Judiciário e/ou Conselho Tutelar, em caráter provisório, até que seja viabilizado o retorno do acolhido ao seio familiar de origem ou, na sua impossibilidade, encaminhado à família substituta.

Em Minas Gerais, o projeto “Casas de Esperança”, busca retirar menores das ruas, protegendo-os da violência em Minas Gerais. Contando com 11 locais de acolhimento e funcionando desde dezembro de 2013, as casas acolhem crianças e adolescentes de 0 a 18 anos, em Belo Horizonte (MG). Estes foram retirados da família por ordem judicial ao se encontrarem em situação de risco ou viverem em condições que poderiam prejudicar o seu desenvolvimento físico, emocional ou social. Essas principais situações incluem o uso de drogas, privações afetivas, socioeconômicas e culturais, além de ambientes violentos.

Em todos os estados do Brasil, a ADRA tem iniciativas para saúde mental e bem-estar para crianças e adolescentes. Você também pode contribuir com estas iniciativas. Saiba como colaborar por meio do site adra.org.br

Fonte: Rafael Brondani


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