Meio Ambiente
No Dia da Amazônia, Rio Madeira fica abaixo de 1 metro pela 1ª vez na história
Cenário é tão inédito que para continuar acompanhando os níveis do rio, o SGB vai precisar instalar uma nova régua de medição. Hidrelétrica paralisou parcialmente as operações em razão da seca do rio.
A marca história acontece em uma data de discussões sobre a preservação da floresta e dos recursos hídricos: o Dia da Amazônia. Em uma situação de estiagem extrema, o Rio Madeira abriga 40% de todas as espécies de peixes da bacia amazônica — são mais de 1,2 mil. Em paralelo a isso, o estado bateu recordes de queimadas nos últimos meses.
Seca do rio Madeira em 2024 — Foto: Edson Gabriel/Rede Amazônica
🔎O Rio Madeira é um dos maiores do mundo e passa por três países: Brasil, Bolívia e Peru. Ele começou a ser monitorado em 1967 pelo SGB.
O volume das águas do Madeira baixaram em uma velocidade alarmante. No dia 31 de julho ele estava em 2,45 metros, o que já era muito baixo para o período. Ou seja, em pouco mais de um mês, o nível do rio desceu quase 1,5 metro.
📈 Desde julho de 2024, o Madeira vem batendo uma sequência de mínimas históricas. Nessa época do ano o rio deveria estar em cerca de 3,80 metros, ou seja: está quase três metros abaixo do esperado. Esses dados são do Sistema Integrado de Monitoramento e Alerta Hidrometeorológica (SipamHidro).
Consequências da seca para todo o Estado
Na quarta-feira (4), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou sobre a paralisação parcial das unidades geradoras de Santo Antônio em razão da seca extrema do rio Madeira. Das 50 turbinas, apenas 7 estão em funcionamento, ou seja: apenas 14% das turbinas estão trabalhando.
Segundo a Eletrobras, controladora da Hidrelétrica Santo Antônio, a manobra de paralisar as unidades geradoras localizadas na margem esquerda e no leito do rio permite manter a geração de energia concentrada no grupo Gerador 1, localizado na margem oposta. A empresa afirma que segue gerando energia para todas as regiões do país.
Quem mais sofre com a seca do Rio Madeira
Com as altas temperaturas e uma seca extrema, moradores das comunidades ribeirinhas, que vivem às margens do Madeira, sofrem com a falta de um recurso essencial: a água.
Ribeirinhos vivem com menos de 50 litros de água por dia para toda a família, sendo que a quantidade necessários para suprir as necessidades básicas de uma pessoa é 110 litros por dia, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Atualmente, existem 52 comunidades ribeirinhas em Porto Velho, às margens do rio Madeira. São quase 1,5 mil quilômetros de extensão em água doce. Ainda assim, os ribeirinhos não possuem acesso à água tratada e encanada.
Panorama das queimadas
A seca ocorre em meio a um período de queimadas extremas. Somente nos quatro primeiros dias de setembro, 570 focos de incêndios foram registrados. Além disso, o número de focos registrados entre janeiro e o início de setembro é o maior em 14 anos. Os dados são do Programa BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Agosto foi o pior mês em 14 anos, tanto para Rondônia quanto para o Brasil. Entre janeiro e o início de setembro foram registrados 6.984 focos de incêndio no estado, sendo que 64% desse total foram identificados somente em agosto.
Pior ar do Brasil
O cenário de seca e queimadas excessivas contribuem para colocar Porto Velho e outras cidades de Rondônia entre os piores índices de qualidade do ar do país.
De acordo com dados IQAir, plataforma suíça de monitoramento do ar, a concentração de PM2,5 em Porto Velho é atualmente 31,2 vezes maior que o valor anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a qualidade do ar.
Há mais de um mês, o estado de Rondônia está encoberto por fumaça. O céu azul, citado no hino do estado, foi substituído pelo “cinza” causado pelas queimadas na Amazônia. A fumaça causada por todas essas queimadas afetam diretamente as paisagens de Rondônia. O pôr do Sol “abraçando” o rio Madeira, por exemplo, que fazia parte do dia a dia da população, passou a ser raras ou inexistentes.
Fonte: G1/Ro
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