Saúde
Festas de fim de ano podem levar a explosão de casos de covid-19 em todo Brasil
Autoridades de saúde alertam que aglomerações podem aumentar a contaminação do coronavírus. Hospitais de algumas capitais estão quase em colapso
Autoridades de saúde estão preocupadas que as festas de fim de ano, em que as aglomerações são mais frequentes, deixem a situação ainda pior, podendo levar a uma explosão de casos logo no início de 2021.
O coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 do estado de São Paulo, José Medina, fez um alerta na semana passada dizendo que este momento é pior do que o primeiro pico, registrado no meio do ano, pela alta possibilidade de transmissão.
“O crescimento deste segundo pico é pior porque a base de infectantes é muito maior. Todos nós lembramos que no começo uma região tinha muitos casos e em outras regiões não tinham registros. Hoje, todas as cidades brasileiras têm pelo menos um caso”, disse.
A mesma opinião é compartilhada pela professora da Universidade Estadual de Campinas e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi. Ela recomenda que viagens devem ser feitas de curtas distância e os encontros restritos a no máximo dez pessoas.
“Viaje com o seu núcleo familiar ou que conviveram com você nesse período de pandemia. E, sempre, dar preferência a locais abertos e de máscara. Só tira a máscara para comer”, orienta.
Casos em crescimento
Quando se analisa o número de infectados pelo coronavírus por semana epidemiológica, considerada pelos pesquisadores a melhor maneira de analisar os dados, percebe-se uma tendência de aumento de casos de covid-19 em todo país.
As semanas epidemiológicas são estabelecidas por convenção internacional para o controle e apuração de dados sobre uma epidemia ou pandemia. Sempre são contadas de domingo a sábado.
A última semana registrou um total de 286.905 casos confirmados, o maior número desde o começo de agosto e um aumento de 20% se comparado com a semana anterior. Em relação às mortes, foram registradas 4.067, o maior número de vítimas em um mês.
No estado de São Paulo a última semana teve a conformação de 6.713 novos casos. É um crescimento de quase 45% se comparado com a semana anterior. As internações também preocupam, e passaram de uma média diária de 850, no começo de novembro, para 1.409 na última quinta-feira, 10.
Para diminuir a pressão sobre os hospitais, na sexta-feira, 11, o governo de São Paulo fez uma alteração extraordinária na quarentena do estado. A partir de sábado, 12, os bares precisam fechar até as 20 horas, antes era até as 22 horas.
Os shoppings e o comércio de rua tiveram o horário de funcionamento ampliado, de 10 horas para 12 horas. Em ambos os casos a capacidade se mantém a mesma, 40%. A medida tem validade por 30 dias.
A decisão de São Paulo de restringir o horário dos bares impacta diretamente os jovens, população que registrou o maior aumento de infecções nos últimos meses, passando de 20% do total, em junho, para 27%, em novembro. As outras faixas etárias se mantiveram estáveis ou tiveram redução.
“O que os números mostram é que nós continuamos com o vírus circulando entre nós e que se houver descuido ou se continuarmos nos descuidando das medidas, teremos um começo de ano dramático. O aumento que estamos vendo agora tem a ver com os jovens, que viram a diminuição dos números junto com uma flexibilização do comércio e entenderam que o vírus estava indo embora.”
No Rio de Janeiro, a situação também é crítica, com praticamente todos os leitos destinados a pacientes de covid-19 ocupados, o sistema de saúde do Rio de Janeiro está à beira de um colapso. A ocupação das UTIs da rede pública já passa dos 90% com cerca de 250 pessoas com manifestações graves da doença aguardando vaga.
Governo e prefeitura prometeram abrir aproximadamente 300 vagas nos próximos 15 dias. Especialistas dizem que apenas a abertura de leitos não resolve e um colapso é iminente.
Na região Sul, Santa Catarina e Paraná adotaram toques de recolher durante a madrugada para tentar reduzir o aumento no número de casos e de internações. Na capital paranaense, Curitiba, a taxa de ocupação está acima de 90% desde o fim de novembro. Na sexta-feira, 11, havia 36 leitos disponíveis.
Assim como outras autoridades sanitárias pelo país, a secretária de saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, vem alertando há algumas semanas que as festas de fim de ano serão propícias para aumentar o contágio do coronavírus e que é necessário manter o distanciamento.
Festas de Réveillon canceladas
Por todo o Brasil, governos estaduais e municipais suspenderam as festas de Réveillon para evitar aglomerações. Em julho, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), decidiu cancelar a festa de Réveillon de 2020 para 2021 realizada na Avenida Paulista. O evento acontece desde 1996 na famoso ponto turístico da capital paulista.
Poucos dias depois, a cidade do Rio de Janeiro tomou a mesma decisão e suspendeu a festa da virada na praia de Copacabana. Florianópolis e Brasília também seguiram o mesmo caminho das maiores cidades do país e cancelaram as festas.
(Com Estadão Conteúdo)
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