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Índia libera exportação da vacina de Oxford para Brasil; envio começará sexta-feira (22)
NOVA DÉLHI E BRASÍLIA – O governo da Índia liberou a exportação comercial de vacinas contra a covid-19. As primeiras remessas de doses serão enviadas para o Brasil e Marrocos nesta sexta-feira, 22, segundo declaração do secretário de Relações Exteriores do País à agência Reuters. O embaixador da India em Brasília, Suresh Reddy, confirmou ao Estadão que serão enviadas no total as 2 milhões de doses do imunizante da Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca. “Sim, as vacinas estão chegando como prometido”, disse Suresh Reddy ao Estadão.
As doses foram fabricadas no Instituto Serum da Índia, o maior produtor de vacinas do mundo e que recebe pedidos de diversos continentes. A remessa era esperada para a última sexta-feira, dia 17, e atrasou uma semana. O governo da Índia tem usado o fornecimento de vacinas de forma diplomática, para reforçar sua presença na Ásia, e a relação com países vizinhos que foram priorizados e já começaram a receber as remessas. Além das doses em si, a Índia dá ao Brasil um treinamento em administração da vacina.
Em nota, o Ministério da Saúde confirmou que as doses devem chegar nesta sexta-feira, no fim da tarde. “A carga vinda da Índia será transportada em voo comercial da companhia Emirates ao aeroporto de Guarulhos e, após os trâmites alfandegários, seguirá em aeronave da Azul para o aeroporto internacional Tom Jobim, no Rio de janeiro”, informou. O presidente Jair Bolsonaro utilizou as redes sociais para informar o acordo e agradeceu ao chanceler Ernesto Araújo e ao Itamaraty pelo feito.
Bolsonaro participa agora à noite de uma live junto com Araújo. Mais cedo, o minstro, que foi excluído ontem das negociações, disse que “a Índia colocou o Brasil na mais alta prioridade”. “Muito obrigado, presidente @jairbolsonaro. O governo da Índia colocou o Brasil na mais alta prioridade: somos um dos dois primeiros países a receber vacinas contra Covid compradas na Índia (ontem a Índia fez doação a 2 países)”, escreveu Ernesto Araújo. O ministro também agradeceu “em especial” o ministro de Relações Exteriores indiano, Subrahmanyam Jaishankar.
O governo indiano havia suspendido a exportação de doses até iniciar a campanha de imunização dentro do país, o que ocorreu no último fim de semana. Logo depois, ele enviou vacinas para países vizinhos, como Butão, Maldivas, Bangladesh, Nepal, Mianmar e o arquipélago de Seicheles.
O secretário de Relações Exteriores do País, Harsh Vardhan Shringla, afirmou que a distribuição comercial do imunizante começará a partir desta sexta-feira, de acordo com o compromisso do primeiro-ministro do País, Narendra Modi, de que a capacidade de produção indiana serviria à toda humanidade para combater a pandemia.
“Eu sigo com essa visão. Nós respondemos positivamente aos pedidos por fornecimento de vacinas feitas na Índia de países de todo o mundo, começando pelos nossos vizinhos”, disse à Reuters. “O fornecimento de quantidades comercialmente contratadas começará a partir de amanhã, começando pelo Brasil e Marrocos, que serão seguidos pela África do Sul e a Arábia Saudita.”
O governo brasileiro aguarda o envio de 2 milhões de doses de vacinas adquiridas pela Fiocruz. Na semana passada, um avião chegou a ser enviado para buscar o material, mas parou em Recife antes de cruzar o Atlântico, diante da falta de confirmação por parte do governo indiano que o produto seria fornecido.
Pelo Twitter, Filipe Martins, assessor especial para assuntos internacionais do do governo, culpou a divulgação feita pela imprensa pela demora do envio das vacinas da Índia ao Brasil. “Devido à ótima relação que construímos com a Índia, nossas tratativas haviam sido bem-sucedidas e estava tudo certo para o envio das vacinas, marcado para o início da semana (17/1), até que a informação vazou para a imprensa, causando desconforto na Índia e o atraso do envio”, escreveu.
O Brasil também espera o envio de insumos da China para produzir a vacina no País, que está atrasado. Segundo a embaixa chinesa, serão feitos os”máximos esforços” para conseguir avanços no envio “sob a premissa de garantir saúde e segurança”. A matéria-prima é necessária para a produção das vacinas da Fiocruz e do Instituto Butantan.
Com o atraso, a Fiocruz adiou de fevereiro para março a previsão de entrega das primeiras doses da vacina Oxford/AstraZeneca que serão produzidas no Brasil. A mudança deve dificultar ainda mais a execução do plano nacional de imunização contra a covid-19, que já sofre com incertezas quanto à importação dos insumos para a produção da Coronavac.
Na quarta-feira, o Butantan afirmou ter praticamente esgotado a quantidade de insumos para fabricar a vacina Coronavac no Brasil. O órgão ligado ao governo paulista distribuiu o 1º lote, com seis milhões de doses, para começar a imunização no País. Além disso, tem condições de entregar mais 4,8 milhões de unidades. Depois, depende da matéria-prima chinesa para garantir novas remessas.
Bolsonaro comemora liberação de vacina nas redes sociais
O presidente Jair Bolsonaro comemorou nas redes sociais a nova previsão de entrega da vacina de Oxford/AstraZeneca. Em sua página no Facebook, reproduziu o trecho de uma notícia da agência Reuters com a previsão de envio dos imunizante. Na publicação, ele fez ainda elogios ao trabalho do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e à equipe do Itamaraty.
“Meus cumprimentos ao ministro Ernesto Araújo e servidores do Itamaraty pelo trabalho realizado”, escreveu Bolsonaro. Apesar do elogio ao chanceler, conforme o Estadão mostrou, Ernesto Araújo foi excluído das negociações com a China para a compra de vacinas e insumos contra a covid-19. Mais cedo, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, também havia compartilhado no Twitter a notícia com a hashtag “AcrediteNoBrasil”.
A notícia da entrega dos imunizantes traz alívio para o governo que está sob pressão com a perspectiva de paralisação da campanha de vacinação, iniciada no último domingo, 17. A falta de matéria-prima para a produção dos imunizantes no País compromete a imunização.
O governo trata com delicadeza a entrega das vacinas vindas da Índia. Mais cedo, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) divulgou nota oficial sobre o incêndio que atingiu o Instituto Serum, que produz a vacina contra a covid-19. O órgão informou que “não houve prejuízo na produção das vacinas e nem no estoque”./COLABOROU EMILLY BEHNKE
Fonte: Msn
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